I Seminário da Erva-Mate reúne lideranças em Ilópolis para discutir soluções à crise da cadeia produtiva
- gustavotoniolo1
- há 2 dias
- 3 min de leitura

A cadeia produtiva da erva-mate, uma das mais tradicionais do Rio Grande do Sul, enfrenta um dos períodos mais críticos desde 1996. Para debater alternativas e construir estratégias de valorização do setor, Ilópolis sediará, no dia 21 de novembro, o I Seminário da Erva-Mate.
O evento é promovido pela Frente Parlamentar da Erva-Mate da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Paparico Bacchi, e reunirá produtores, indústrias, lideranças municipais e entidades representativas. A iniciativa dá continuidade a uma agenda de debates que começou na Assembleia Legislativa e vem sendo conduzida pelo parlamentar em articulação com organizações do setor.
Nas últimas reuniões, dois instrumentos foram apontados como fundamentais para reorganizar a cadeia: a criação de um consórcio intermunicipal da erva-mate, voltado à profissionalização da gestão e à captação de recursos, e o fortalecimento do Fundomate, fundo estadual destinado a financiar projetos de pesquisa, inovação, promoção comercial e ações de desenvolvimento da erva-mate no Rio Grande do Sul.
A crise atual decorre da combinação entre baixo preço pago ao produtor, alta oferta no mercado e queda no consumo per capita. De acordo com a Emater/RS-Ascar, o valor pago pela arroba da erva-mate verde varia entre R$ 17 e R$ 20, o que não cobre os custos de produção. Esse é considerado o cenário mais delicado enfrentado pelo setor em quase três décadas. A retração também se reflete no consumo: a média anual caiu de 11 para 9 quilos por habitante, em função das mudanças de hábito no pós-pandemia e da diminuição do compartilhamento do chimarrão.
Mesmo diante das dificuldades, a erva-mate segue com forte relevância econômica e cultural. Segundo a Radiografia Agropecuária Gaúcha 2024, o Rio Grande do Sul produz cerca de 273,7 mil toneladas da planta por ano, com presença em 173 municípios e área cultivada de 34 mil hectares. Ilópolis ocupa o primeiro lugar no ranking estadual de produção, e o Uruguai continua sendo o principal destino externo do produto.
Durante reunião da Comissão de Economia, Trabalho, Desenvolvimento Sustentável e Turismo, o deputado Paparico Bacchi reforçou a gravidade do cenário e a urgência de medidas concretas. Ele destacou que o Fundomate, criado pela Lei nº 14.185/2012 para financiar ações e programas voltados à cadeia produtiva, permanece sem aplicação visível e sem transparência. “Há lei, há fundo e há previsão de recursos, mas produtores e indústrias não têm acesso às informações sobre arrecadação, saldos e beneficiários. É hora de o Estado cumprir seu dever e garantir que esses valores retornem a quem vive da erva-mate”, afirmou.
Bacchi também apresentou dados que dimensionam a importância da cadeia: o setor envolve cerca de 14 mil produtores e 250 indústrias, concentradas principalmente nas regiões do Alto Taquari, Alto Uruguai, Celeiro/Missões e Vales. O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 80% da erva-mate exportada pelo Brasil.
Para o deputado, o momento exige planejamento, união e transparência. “Estamos reunindo quem produz, quem industrializa e quem representa o setor, com o objetivo de transformar esse potencial em desenvolvimento regional. A erva-mate é mais do que uma cultura agrícola: é um símbolo da identidade gaúcha e uma fonte de sustento para milhares de famílias. Precisamos garantir sustentabilidade para quem vive dela”, ressaltou.
O seminário contará com painéis de debate sobre temas estratégicos que impactam diretamente o setor ervateiro, reunindo o Poder Público, o setor produtivo e a sociedade civil, com o objetivo de construir políticas públicas e estratégias de desenvolvimento sustentável para toda a cadeia produtiva.










Comentários